Magic: the Gathering

Opinião

Análise: Gifts Ungiven no Commander: O futuro do formato?

, Comment regular icon0 comments

Tem pouco mais de uma semana que Gifts Ungiven foi desbanido. Agora, damos nossos dois centavos sobre a carta!

Edit Article

Indice

  1. > Uma carta que nunca perdeu relevância
    1. O ano é 2025
  2. > Muito mais que um tutor
  3. > Por que agora?
  4. > Em vez de temer, celebre o retorno de Gifts!

Com a decisão mais recente do Rules Committee, Gifts Ungiven voltou ao radar dos jogadores de Commander — e não apenas como curiosidade histórica, mas como um investimento e uma possível carta poderosa. A carta, que passou anos na geladeira, agora surge com força total como uma das adições mais impactantes no competitivo do Commander.

E não é por acaso. O momento é outro, os decks são outros, e o que antes parecia quebrado demais agora pode ser apenas... forte. É o tipo de carta que desafia você a construir melhor, pensar melhor e jogar melhor.

Uma carta que nunca perdeu relevância

Loading icon

Ok, me pegaram: dizer que é uma carta que nunca perdeu relevância é um exagero. Mas é preciso admitir que, mesmo durante seu tempo de banimento, Gifts Ungiven sempre teve um ar de mistério e respeito ao seu redor. Ela não era apenas uma carta proibida — era uma carta temida. Não porque quebrava o jogo por si só, mas porque bagunçava o jogo de formas criativas e difíceis de responder.

Tutorar quatro cartas, colocar duas no cemitério e ainda deixar o oponente se debatendo com decisões ruins — tudo isso em velocidade instantânea — era visto como poder demais para um formato focado no casual.

Mas a maré mudou. Hoje estamos em um ambiente onde tutores, sinergias de cemitério e fast mana são tão comuns quanto ilhas viradas.

Nesse contexto, Gifts não parece mais uma ameaça — parece um desafio interessante.

Ad

O ano é 2025

Loading icon

Pois é, banida lá em 2009, Gifts Ungiven passou dezesseis anos fora de circulação. E agora, com seu retorno, o jogo mudou. Se antes ela era vista como um motor completo de vantagem injusta, hoje ela é apenas mais uma peça de engrenagem — ainda forte, ainda relevante, mas inserida em um ecossistema muito mais poderoso.

Decks que abusam de Underworld Breach, como Grixis ou Jeskai, não veem em Gifts um combo em si, mas uma forma eficiente de chegar lá. Com tantas engines modernas disponíveis, tantos meios de acesso ao cemitério e tantas cartas redundantes nos combos, Gifts entra como uma peça versátil, uma carta que exige raciocínio e conhecimento de deck para realmente brilhar.

Mais do que isso, sua volta abre espaço para conversas que o formato vinha adiando há anos. Afinal, por que algumas cartas continuam banidas mesmo quando o metajogo já deixou elas para trás? Por que certas listas parecem escritas em pedra? O desban de Gifts Ungiven é simbólico. Mostra que sim, há espaço para mudança. E que nem toda decisão antiga precisa ser eterna.

Muito mais que um tutor

Loading icon

No cEDH, Gifts Ungiven rapidamente encontrou espaço em decks de Grixis, Sultai, Jeskai e combinações de quatro cores que já rodavam com Intuition. A comparação não é exagerada: ambas operam como formas de buscar peças de combo e colocar cartas específicas no cemitério — muitas vezes, com uma vitória à vista.

Ad

Mas Gifts tem uma nuance incrível. Ao invés de três cartas, ela te dá acesso a quatro. E, ao invés de simplesmente colocar uma no cemitério e as outras na mão, ela joga duas no cemitério, o que, para vários decks, é até preferível.

Se você está jogando com Underworld Breach, Snapcaster Mage ou Sevinne’s Reclamation, essa manipulação do cemitério pode se transformar rapidamente em um fim de jogo.

Na prática, ela age como:

- Uma segunda Intuition para linhas com Underworld Breach;

- Um duplo Entomb azul em velocidade instantânea (não que o original não seja);

- Uma peça política que testa o conhecimento e os nervos do seu oponente no pod competitivo.

E o mais curioso: ela não é uma carta linear. Cada deck que a utiliza pode fazer isso de forma ligeiramente diferente. Alguns vão direto para o combo. Outros preferem usá-la como ferramenta de valor. Outros ainda abusam da incerteza que ela cria, pressionando o oponente a decidir entre quatro cartas que, no fim das contas, todas ajudam você a ganhar.

Quando bem construída, uma pilha de Gifts pode ser uma obra de arte. Ela revela a intenção do deck, a experiência do jogador e testa a percepção dos adversários. É uma carta que não perdoa erros — nem seus, nem dos outros.

Ad

Por que agora?

Loading icon

O retorno de Gifts Ungiven não foi apenas técnico — foi simbólico. Em um cenário onde muitas cartas banidas permanecem na lista mais por tradição do que por impacto real, esse unban representa uma abertura saudável para reavaliar o passado com os olhos do presente. O novo comitê mostrou que está disposto a fazer mudanças ousadas e entende o formato como algo vivo, mutável — não uma relíquia estática.

Temos interações melhores, jogadores mais experientes e um cenário onde decisões difíceis fazem parte do jogo. E, principalmente, temos um Commander competitivo que já entendeu: poder não é o problema. O problema é o desbalanceamento.

Enquanto Jeweled Lotus e Dockside Extortionist ainda geram debates acalorados sobre sua justiça (ou falta dela), Gifts volta ao jogo sem esse peso. Ela não é uma carta “de graça”. Exige construção cuidadosa, planejamento e, muitas vezes, timing perfeito. Não é fácil extrair todo o seu potencial. Mas quando isso acontece… o resultado é lindo de assistir.

E sim, a ausência de Primeval Titan ainda dói.

Em vez de temer, celebre o retorno de Gifts!

Ver Gifts Ungiven voltar ao Commander é ver o formato amadurecer. É perceber que não estamos mais presos a decisões tomadas quando o formato ainda engatinhava. É aceitar que algumas cartas pareciam problemáticas porque ainda não sabíamos lidar com elas.

Ad

Claro, ainda existe o risco de morder a língua. Talvez daqui a um ano alguém descubra uma linha nova, absurda, e o mundo volte a discutir seu lugar no formato. Mas, por enquanto, ela está onde deve estar: nas mãos dos jogadores que sabem como usá-la.

E isso não é motivo para preocupação. É motivo para comemoração. Quanto mais cartas interessantes tivermos acesso, mais rico fica o metajogo. Mais criativas ficam as soluções. Mais empolgante fica cada partida.

E você, o que acha? Curtiu o retorno de Gifts Ungiven? Acha que foi na medida certa ou já está esperando o próximo ban? Tem alguma outra carta que gostaria de ver de volta ao formato?

Esse texto surgiu de uma conversa com o Ka0s, e inclusive temos uma entrevista com ele aquilink outside website. Vale a pena conferir.

Até a próxima!